sábado, 18 de dezembro de 2010

Nunca é tarde

O texto á seguir foi feito para a Olimpíada de redação da Biblioteca Municipal de Jundiaí, onde eu moro, deer. KJAHSKDJAH' O tema central, para todas as categorias, era solidariedade e a proposta da categoria jovem era escrever na primeira pessoa sobre um idoso, morador de uma casa de repouso em uma véspera de Natal. O tema da categoria era solidão.

Tentei da melhor forma possível conciliar todos os temas sem sair do foco, espero que gostem :D


A luz matinal entrou maliciosa pela janela aberta, mas eu já estava acordado desde que a lua começara a se retirar. A única janela do quarto ficava em frente à cama e funcionava como um espelho da alma, no meu caso escura, vazia e até sombria.

Com um esforço maior que o que fiz no dia anterior, levantei e calcei meus chinelos velhos. O relógio, que era o mesmo que minha mãe me dera de presente de casamento, há quarenta e sete anos atrás, dizia ser quase seis da manhã. Meus passos lentos e cansados me levaram ao altar ao lado do guarda-roupa e em seguida para o banheiro onde o espelho me mostrou um homem cansado demais para os seus sessenta e cinco anos. Pessoas lá fora começavam sua vida com essa idade, porque eu não poderia?

– Seu José, já está acordado? – A voz feminina e suave que todos os dias vinha desejar-me bom dia, chamou á porta. – Está, não está? O senhor sempre acorda cedíssimo.

Senti meu rosto se moldar em um sorriso, Marina a doce enfermeira era minha melhor amiga ali – ela me lembrava minha filha.

Comecei a ir em direção a porta, apoiando-me nas paredes quando ouvi sua voz novamente.

– É véspera de Natal, seu José, é véspera de Natal! – a euforia em sua voz era quase palpável, no mínimo era possível expirá-la.

Mas eu parei no caminho para a porta. Natais não me traziam boas lembranças. Voltei para a cama desfeita fingindo não tê-la ouvido, e enquanto aos poucos ela desistia da possibilidade de eu estar acordado, um filme chamado passado era exibido em minha mente.

Há exatos cinco anos eu perdi toda a minha família.

Meus olhos automaticamente se fecharam para evitar a primeira lágrima. Veja só, um homem de sessenta e cinco anos chorando. Ridículo. No entanto, certas memórias são fortes demais para não obrigar, não empurrar a primeira lágrima. E invariavelmente depois da primeira há a segunda, e a terceira, e a quarta, até as infindáveis lágrimas.

Era véspera de Natal do ano de dois mil e cinco e eu estava trabalhando, cuidando da pequena empresa da família. Todos se encontravam em Recife e eu também deveria estar lá. Era véspera de Natal, eu também deveria estar lá. Eu ia, pretendia ir, mas o trabalho me prendeu em São Paulo, então num ato de extremo egoísmo pedi para que eles voltassem. O Natal planejado durante cinco meses arruinado pelo meu egoísmo. Eles voltaram, eles me amavam e fariam tudo por mim. Eles iam voltar, tentaram voltar.

As lágrimas já desciam como se jorrassem e eu nem tentava controlá-las. A culpa e a solidão invadiam.

Uma turbulência no céu da Bahia derrubara o pequeno jato que havíamos acabado de comprar, matando minha esposa Marie, minha mãe Francisca e meus dois filhos Camila e João.

Rolei para o lado e tentei dormir. Natais não me traziam boas recordações.

Mais tarde o sol dizia que passava do meio dia e meu estomago confirmava. Lá fora eu ouvi as vozes dos outros moradores da casa de repouso e percebi que apesar de tudo não deveria agir como um anti-social. Levantei-me novamente e fui para o pátio. Marina estava lá.

– Porque o senhor fingiu que estava dormindo, seu José? – ela perguntou quando veio sorrindo para mim com o mesmo sorriso que Camila tinha. – O que aconteceu? – e então seu semblante mudou para uma tristeza contida.

– Sinto muito. Não tenho boas lembranças do Natal. – Tentei falar através da voz que começava a ficar embargada.

– Eu sei. Quero dizer, sei que alguma coisa o aflige e muito – Ela pegou uma de minhas mãos e sorriu docemente. O doce sorriso de Camila. Ah! Natais. – Não se preocupe seu José, eu estou aqui para ajudá-lo.

– Obrigado Marina. – e decidi sair andando antes que eu realmente me desmanchasse.

Andei sozinho pela casa de repouso por algum tempo e resolvi voltar para meu quarto.

Lá, sozinho, eu senti a solidão tomando conta, mas definitivamente não me importei; já era a quinta vez em cinco anos, então essa sensação não era assim tão estranha.

Liguei o antigo radio-relógio e sintonizei em uma emissora AM qualquer, tentando não pensar em nada, mas não consegui. Algumas imagens aleatórias me vinham à mente, mas eu já conseguia controlar a avalanche de culpa. E quando o sol já queria se esconder, eu ouvi um choro contido e ao mesmo tempo desesperado.

Fui até a janela com passos lentos e moles e vi Marina ao celular vertendo lágrimas que faziam doer até mesmo quem não sabia o motivo do desespero. Assisti-a tentar falar através do choro por alguns minutos, sentindo-me angustiado por vê-la daquela forma. Quando desligou o telefone, levou as mãos ao rosto e deixou que o aparelho caísse no chão com um baque oco e alto. Lembrei-me de Camila, minha filha mais nova, e não pude agüentar.
– Marina? – chamei com medo.

– Seu José, achei que o senhor estava dormindo – ela sussurrou enquanto tentava se recompor. Tentava e não conseguia. Suas mãos secavam freneticamente seus olhos em vão, já que a cada segundo uma nova correnteza de lágrimas lavava sua face.

– O que aconteceu Marina? – disse enquanto me dirigia para a porta. Do lado de fora eu a abracei.

– Meu namorado estava vindo de moto para passar o Natal comigo, depois de eu tanto insistir para que ele viesse de sua cidade até aqui – ela disse isso em um só fôlego, e continuou – mas ele sofreu um acidente gravíssimo e está no hospital.

Senti uma lança transpassar meu coração. Eu sabia o que ela sentia. Abracei-a sem tentar conter nenhuma lágrima – eu precisava ajudar a enfermeira que tanto lembrava minha filha. Eu tinha a chance de tentar fazer algo para que meus Natais não fossem tão sombrios.

Passamos a noite de Natal juntos enquanto eu a acalmava, e me senti completo quando pela manhã ela recebeu o telefonema que dera a noticia de que seu namorado estava bem.

Era a chance que o destino me dera para concertar as coisas. E eu a agarrei.

domingo, 31 de outubro de 2010

Eleições & Halloween


Fazer a eleição no Halloween é realmente bem digno. Considerando as opções de uma bruxa vesga e uma caveira cuja careca brilha mais que uma estrela cadente, a escolha do dia foi realmente uma bola dentro.

Hoje, quando entrei na minha seção exatamente às 16:56, pensei muito em digitar 99, 66, ou quem sabe 77 pra presidente. Gosto do numero sete, provavelmente votar 77 pra presidente seria uma boa escolha.

Durante a campanha eleitoral eu me senti uma lesada, com todos os meus direitos e com todo o respeito que o eleitor merece jogados no lixo. Porque sinceramente, guerra partidária na televisão é um saco.

– Ah, porque eu e o meu partido nunca faria o que a oposição fez.

– Ah, porque a oposição tenta se esconder atrás de fatos irreais, e não mostra sua verdadeira intenção.

E os debates? A careca do Serra brilhava tanto que tirava a minha atenção. E o estrabismo - porque vamos combinar, aquilo só pode ser estrabismo - da Dilma me fazia soltar um belo de um WTF!

Agora pouco, quando meu interfone tocou e uma crianças gritaram lá fora "gostosuras ou travessuras?" eu fiquei muito, muito, muitíssimo tentada á dizer:

­– Se você achar que uma gorda vesga e um palito careca é uma gostosura, pode levar.

Fora que além de tudo somos obrigados a acompanhar, dia após dia, a luta de um palhaço analfabeto pra manter seu cargo na câmara dos deputados. Eu deveria rir ou chorar? Talvez eu deva reza para Santa Florentina.

A politica brasileira precisa mudar, e precisa mudar rapidamente.

E agora que a gorda deve estar pulando e fazendo alguns buracos no chão, junto com seus companheiros, comemorando sua eleição e o pau-de-virar-tripa deve estar arrancando os cabelos de sua perna – porque os da cabeça já eram – eu me pergunto: O que será do nosso Brasil?

Inconsequência

Às vezes fica bem difícil saber o que é o certo, às vezes fica quase impossível enxergar alguma coisa que não seja o ódio. Às vezes a inconsequência trás muitas consequências.

Outras vezes é fácil saber o que precisamos fazer pra tudo dar certo. Mas na maioria dos casos, isso quase nunca acontece, ou se acontece é quando precisamos voltar atrás pra tentar concertar as coisas.

Normalmente há uma nuvem vermelha na frente dos seus olhos e um manto preto em seu coração que te impede de ver a verdade e perceber o que você precisa fazer. Às vezes a cabeça quente esfria uma vida inteira.

Por isso não deixe a raiva ou o ódio te dominar, pense antes. Pense duas vezes antes. Pense um milhão de vezes antes, se for necessário. Às vezes lágrimas dissolvem sua face e você não vai querer derramá-las.

Por isso ame e seja feliz. Esqueça a raiva, o ódio, a falta de controle e aproveite antes do fim. 'Cause in the end it doesn't even matter ♪

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cárcere das almas

Texto inspirado no poema “Cárcere das almas” do poeta simbolista Cruz e Sousa.

Ele poderia levantar-se, sacudir a poeira, beber alguma coisa e começar á sorrir, mas ele parecia morto dentro de sua própria vida miserável, com sentimentos, emoções e reações paralisadas e mofadas. Não, ele não parecia. Ele estava estagnado.

Se existia realmente um inferno ele gostaria de conhecê-lo. O que poderia ser pior que analisar as paredes velhas de um apartamento, cheias de rachaduras e infiltrações, pintadas de um branco que ainda ardia seus olhos? Como poderia existir algo pior que observar as mesmas paredes em estado deplorável de sua alma? Contar cada pingo de água poluída que caia da goteira que ele sentia perfurá-lo por dentro?

Mil quatrocentos e trinta e sete. Pingo. Dor. Escuridão.

Mas ele não estava totalmente solitário. Haviam as perguntas; as insistentes e pontiagudas perguntas. “Porque isso está acontecendo?” e “o que foi que aconteceu comigo?” eram suas melhores amigas – ou pelo menos suas companheiras mais irritantes, apesar de também existirem as famosas “existe alguém comandando tudo isso?” e “se existe, porque prolonga essa situação?”.

No entanto, o estado de dormência por vezes era maior que tudo. A escuridão pesada como nuvens negras esmagava-o e ele nem ao menos tentava lutar, afinal com o peso de mil sois sobre si era impossível enxergar a saída do cárcere onde sua alma se encontrava.

Ele não ia levantar-se, sacudir a poeira, beber alguma coisa e começar á sorrir. Ele estava preso á sua longínqua e infértil vida miserável.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

In the end it doesn't even matter


Hoje é o show do Linkin Park. Okay, isso não é pra ser um post idiota, é pra ser um desabafo. Estou precisando disso.

A melhor banda do mundo está tocando á menos de sessenta quilômetros da minha casa e eu continuo escrevendo palavras toscas e ocas, sem sentido algum porque definitivamente eu não vou estar lá. Eu não vou ouvir ao vivo a melhor voz do mundo cantar só pra mim enquanto eu fecho os olhos e me imagino num paraíso. Porque é isso o que Linkin Park faz comigo – me leva ao paraíso.

Para uma garota de dezesseis anos pode parecer muito drama dizer que já passei por muita coisa na minha vida, mas bem, você pode pensar o que quiser. Eu já passei por muita coisa na minha vida. E quando eu estava lá embaixo, num lugar escuro, com uma pedra de milhões de toneladas sobre a minha cabeça, tentando equilibrá-la e manter a pose, deixar o sorriso congelado, lá estava Linkin Park pra me fazer congelar o sorriso. Lá estava Linkin Park pra me ajudar a manter a pose. Lá estava Linkin Park pra me ajudar a segurar a maldita pedra idiota.

I’m tired of being what you want me to be
Feeling so faithless, lost under the surface
I don’t know what you’re expecting of me
Put under the pressure of walking in your shoes

Numb

Era assim que eu me sentia. Drama demais? Talvez. Mas sem duvida nenhuma foi Linkin Park que me ajudou a voltar a ser quem eu sou quando eu não sabia nem quem eu poderia ser e porque eu deveria ser. Linkin Park faz parte de mim assim como o meu DNA, é algo indescritível.

I want to find something I wanted all along
Somewhere I belong

Somewhere I belong

E quando eu me descobri, quando eu vi que de algum jeito eu poderia viver com aquela pedra, mesmo que não conseguisse suportá-la, quando eu percebi que eu ainda podia ver o sol sorrindo, lá estava Linkin Park outra vez.

Pretending someone else can come and save me from myself
Leave out all the rest

Todo mundo tem uma banda preferida, um artista em quem se inspira ou alguém que simplesmente acha legal. Mas Linkin Park é tudo isso junto com um pouco mais de vida. Linkin Park é por muitas vezes minha inspiração pra continuar a tentar, é o ar que me falta quando eu estou submersa. Linkin Park é uma das minhas principais razões para continuar sorrindo.

What the hell are you waiting for?
Numb/Encore feat. Jay-Z

A cada nota tocada, a cada sílaba cantada, a cada grito eu me sinto melhor. É como se essa banda fosse uma droga, ou algo parecido. É como se me ajudasse sempre, independente do que esteja acontecendo – independente de tudo. Porque Linkin Park é tudo.

I am a little bit of loneliness, a little bit of disregard, a handful of complaints. [...] I am a little bit insecure, a little unconfident, ‘cause you don’t understand I do what I can, but sometimes I don’t make sense
Faint

Fechar os olhos e ouvir a voz do Chester “sussurrar” Crawling só pra mim, entrar dentro de Numb e olhar para mim mesma de um outro ângulo, sentir meu coração bater ao ritmo das guitarras de From the Inside, querer fugir do mundo ao som de Runaway, extravasar toda a raiva com os SHUT UP de One Step Closer, sentir a paranóia no ar com Papercut, superar um momento ruim com Leave out all the rest ou entrar em um momento ruim com In The End... Isso tudo é impagável. Isso tudo faz parte de uma vida. Isso tudo é um quarto gigantesco dentro da casa que eu sou. Porque eu devo muito do que eu sou hoje – ou melhor, eu devo o fato de estar aqui hoje, ao Linkin Park.

You’ve become a part of me, you’ll always be right here. You’ve become a part of me, you’ll always be my fear. I can’t separate myself from what I’ve done. I’ve given up a part of me; I’ve let myself become you.
Figure 09




E agora eles estão aqui. Bem pertinho de mim, mas eu estou tão longe deles.

The sound of your voice, painted on my memories; even if you’re not with me I’m with you.
With You




terça-feira, 21 de setembro de 2010

Dona Maria que gostava de pitangas, subiu no pé de manga pra pegar maracujá.

E chega o momento em que eu vos explico essa frase. Eu sei, muitos já tentaram e se descabelaram tentando explicar tal frase tão instigante, mas é chegado o momento em que eu desvendo esse mistério e mostro a face da verdade.

Tudo aconteceu por conta de dois assassinatos.

João, motorista de Dona Mariquinha era um homem muito bom e generoso, até que sofreu um acidente de transito. Depois de ter ficado com uma cicatriz horrível no lábio superior ele perdera o sorriso e daquele dia em diante era rancoroso e sempre maltratava sua mulher, Joana, empregada e melhor amiga de Dona Mariquinha. Melhor amiga, até Dona Mariquinha viajar para Santo Antônio do Piocó á trabalho e sozinha, quando Joana fez algo terrível e traiu a confiança de todos: engraxou os sapatos italianos de Seu José, marido de dona Mariquinha, com pixe de asfalto usado, pois estava com raiva de seu marido João, que não sorria mais.

Quando José percebeu o que havia acontecido se trancou em seu quarto e se desfez em lágrimas. Ligou para Mariquinha que voltou imediatamente, porém não despediu Joana e João em consideração á todos os anos de amizade que tiveram.

No entanto, Dona Mariquinha voltou viciada em pitanga. Quilos e quilos de pitanga eram comprados todos os dias para saciar os desejos de Dona Mariquinha, que inclusiva mandou que plantassem um pé de manga e outro de pitanga no jardim de sua casa de Nova York e se mudou para lá com João, Joana, José e Jacinto, seu poodle de estimação.

Longe do Brasil, Dona Mariquinha começou a perder a sanidade e certo dia, sentindo saudades de sua terra natal, mandou que Joana comprasse mangas, ou como estava nos states, mango, mesmo tendo um pé de mangas em sua casa.

Joana obedeceu a ordem de sua patroa e foi imediatamente comprar mangas acompanhada de João e Jacinto. No mercado encontrou também maracujá, sua fruta favorita e decidiu levar apenas sete quilos. Voltou para casa feliz da vida, mas encontrou dona Mariquinha chorando rios porque seu pé de pitanga não havia dado limão naquela estação. Joana, então, quis ajudar a velha amiga, mas ela já havia enlouquecido de saudades de seu país.

No dia seguinte, João acordou com os loucos latidos de Jacinto e foi ver o que havia acontecido. Era Dona Mariquinha trepada no pé de pitanga, chorando e se descabelando porque queria limões.

João tentou ajudar a patroa dizendo-lhe que havia comprado as mangas que ela tanto queria no dia anterior e então dona Mariquinha se calou. Desceu sombriamente da árvore, entrou na casa, pegou algumas mangas e subiu novamente no pé de manga. Ficou ali, sobre o pé de pitanga, mais algumas horas olhando para suas mangas e pedindo limões aos céus até que se cansou dos constantes e insistentes latidos de Jacinto, e atirou uma manga no pequeno cachorro, matando-o.

José, que á tudo assistia de longe, saiu de casa gritando por seu amado Jacinto e atirou a mesma manga em Dona Mariquinha, que num reflexo pegou-a e a atirou em José, matando-o também.

Então ela desceu e deixou o resto das mangas na árvore. Entrou em casa e encontrou os maracujás, pegou alguns deles e malignamente subiu no pé de manga para apreciar os dois assassinatos que havia cometido.

E ali ficou para sempre, dando origem á lendária frase que originalmente era “Dona Maria que gostava de pitanga, subiu no pé de manga com alguns maracujás” e mais tarde tornou-se “Dona Maria que gostava de pitanga e que subiu no pé de manga pra pegar maracujás”.

Assim Dona Mariquinha – nome completo: Maria Mariquinha Silva e Sousa – entrou para a história com o massacre das pitangas, mangas e maracujás.


Final alternativo:

Então ela desceu e deixou o resto das mangas na árvore. Entrou em casa e encontrou os maracujás, pegou alguns deles e malignamente subiu no pé de manga para apreciar os dois assassinatos que havia cometido.

E ali ficou para sempre, petrificando com o tempo e tornando-se uma estátua símbolo do poder das pitangas, das mangas e dos maracujás.

Trezentos e setenta anos depois, uma faxineira chamada Maria que era devota de Santa Mariquinha – como ficou conhecida – atreveu-se a subir no sagrado pé de manga para sentir-se mais próxima de sua santa. Lá, ela encontrou os maracujás cobertos de ouro.

E isso originou a lendária frase “Dona Maria que gostava de pitangas, subiu no pé de manga pra pegar maracujás”.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Desgraça

Ela não se sentia exatamente acabada. Ela estava sim, desolada e decepcionada. Sentia-se até mesmo um pouco nauseada, mas definitivamente não estava acabada.

Aprendera a levantar a cabeça e seguir em frente, aprendera a sorrir quando a vida lhe inspira lágrimas, gritos e alguns fios de cabelo arrancados. Mas é claro que apesar de estar o máximo controlada possível, apesar de estar tentando e tentando fortemente, dentro dela havia uma dorzinha irritante que pulsava como um segundo coração. Dentro dela, o desejo de se descabelar ainda ardia: aquilo não era real. Não podia ter acontecido.

Olhou em volta, percebeu que algumas pessoas aleatórias e interessadas demais a olhavam. Seus pais, sua irmã - idiota - mais velha e seu primo, o autor de tudo aquilo. Ele a fitava com uma expressão um tanto maligna e ao mesmo tempo um tanto culpada. Desviava seu olhar para o chão de vez em quando, mas logo voltava a enfiar aqueles olhos malignamente culpados nos seus.

Quis sair correndo e cravar suas unhas no pescoço dele, mas naquele momento olhou para o chão e então percebeu que não tinha mais importância. Estava ali, caído e estirado no chão enquanto todos esperavam que ela tivesse alguma reação.

Ajoelhou-se. Sentia a náusea da tristeza invadindo-a. Sentiu as lagrimas vindo e tentou contê-las, mas só tentou. Seu vestido branco com babados rosa bebê agora tocava o chão e criava manchas cor de chão-pisado e lágrimas.

Era a reação natural, era necessário.

Afinal não é sempre que uma menina de seis anos ganha o primeiro pedaço do bolo de aniversário do vizinho dois anos mais velho.

sábado, 7 de agosto de 2010

Textos inacabados

Muito bem, finalmente eu tirei as teias do meu blog. õ/ mas não venho postar nenhum texto, por enquanto, venho apenas divulgar a página que criei chamada "Textos inacabados".

Dá uma passadinha por lá, são alguns dos textos que eu mais gosto e que nunca terminei ;D

beijos ' volto quando tiver mais criatividade s2s2'

quinta-feira, 29 de abril de 2010

I think you are my desire, my disease and my death

Estar com você é mais que um desejo, mais que uma simples vontade, um querer. Estar com você é mais que uma necessidade, é mais que algo crucial, mais que vital. É algo mortalmente sublime, magicamente assassino e irrefreavelmente devastador.

Não é amor, e se o for, é platônico. Mas é forte, é incrível e irremediável. E me influencia estupidamente.

Se chove, meu sorriso se abre na mesma velocidade em que o sol desaparece, porque eu sei que o meu sol vai aparecer. Se o céu está ridiculamente nublado, cinca escuro mesclado de um tom mais claro do mesmo cinza, meu coração acelera porque é de você que eu me lembro. Meu mundo se tornou vermelho e cinza desde que te vi, e agora meus olhos não enxergam outras cores. Meus sonhos são duo cromáticos, meus desejos são duo cromáticos, e ultimamente desconfio que até mesmo meu coração está vermelho e cinza.

É tão... louco e incontrolável! Tão desanimadoramente imanipulável. Tão desvairado... Me dá medo. Dá medo porque não é eterno, não é fogo que arde sem se ver, muito menos ferida que dói e não se sente. É só paixão incompreensível e maluca. Forte, intensa demais, maravilhosa demais. Mas só. Por enquanto é só.

Eu sei no que isso se transformaria se o destino resolvesse juntar alguns caminhos, mas provável e quase obviamente ele não vai, então isso não vai passar de uma paixão irrefreavelmente devastadora. Mas, por enquanto...

Estar com você é mais que um desejo, mais que uma simples vontade, um querer. Estar com você é mais que uma necessidade, é mais que algo crucial, mais que vital. É algo mortalmente sublime, magicamente assassino e irrefreavelmente... devastador.


Eu fiz esse textinho tonto durante algumas aulas, e como minhas amigas gostaram resolvi colocá-lo aqui ;D Sei lá, eu acho que queria dizer isso ^^'

E bom, sim, foi para o J.

sábado, 6 de março de 2010

I just live with my eyes closed

Às vezes acho que a vida é tão simples. Que é tão fácil ser feliz, que é tão óbvio o que cada um deve fazer aqui, neste mundo doido.

Às vezes acho que tudo é tão romântico, tão emocionante, tão alegre que pode me fazer chorar e sorrir ao mesmo tempo, como num arco-íris, onde o sol sorri alegremente através das lágrimas delicadas da chuva fraca.

Às vezes acho tudo isso incrivelmente perfeito, e penso que nada no mundo pode mudar ou acabar com a harmonia que reina nesse mundo maravilhoso, onde eu estou á todo momento de olhos fechados.
by máay

quinta-feira, 4 de março de 2010

Vidas escritas

Não sou eu que escrevo a história da minha vida, pois se assim fosse, ela não teria tantos pontos finais e as milhares de interrogações que vejo desenhada com tinta vermelha no final de cada frase. Mas sim, infinitas vírgulas, além das palavras coloridas, alegres, transmitindo felicidade aos leitores dessa história.

Mas, contrariando todos os escritores de vidas impressionantes, digo que é a história de minha vida quem escreve o meu ser.

Os fatos importantes e os pormenores, os grandes eventos e os dias entediantes, as felicidades e as tristezas... Experiências que marcam, que cicatrizam e que nos modificam cada uma de um modo diferente.

É a lei da ação e reação. Tudo o que você fizer terá conseqüências, sejam elas boas ou não. Todo passo que você der lhe mudará completamente, para melhor ou pior.

Além disso, como podemos escrever nossas próprias histórias se a cada vez que tentamos tomar posição diante da vida, ela nos rouba o lápis, o papel e as palavras?

O controle de nossa história está tão próximo quanto o horizonte ou o arco-íris.

É a vida quem nos escreve.

Olhe para trás. O que vê? Uma pessoa totalmente diferente do que você é agora? Se estivesse no controle, era isso o que escreveria?

Você não está no controle de si mesmo. Você não está no controle da pessoa ao seu lado. Você não está no controle de suas emoções ou pensamentos. Você não está no controle da sua própria vida. Você não controla nada. Os lápis escrevem sozinhos.

Você faz a escolha, mas você não pode concretizá-la apenas por tê-la escolhido.

Tudo depende dos dados, lance-os. Quanto mais altos os números, mais você perde.

E então o que fazer? Desistir e deixar os lápis animados fazerem todo o serviço?

Isso, já é problema seu.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

All Time Low

Sabe aquelas paixões incontroláveis? Impossíveis e avassaladoras. Com força inimaginável?
O que seriamos capaz de fazer pelo nosso objeto de desejo?

Quem conhece a banda All Time Low levanta a mão \o/
POSAKDJAPODJASPDIK’

All Time Low é um banda de pop/punk americana, formada em 2003. Tem um ritmo animado e contagiante, a provavelmente foi isso o que me fisgou.
Eu estou totalmente in love por essa banda, mas ela é pouco conhecida no Brasil. Fora daqui ela faz sucesso, e atualmente está em turnê – Nothing Personal, o nome do último álbum da banda.

Fatos:

- All Time Low foi escolhida a banda do ano pela revista Alternative Press (2008);

- Teve participação na trilha sonora do filme “Jeniffer’s Body”, com a música Toxic Valentine;

- Está confirmada a atuação da banda também no filme “Alice no país das Maravilhas”, com a música Painting Flowers (que por sinal é maravilhosa, ;

- Weightless, o primeiro single do álbum Nothing Personal, entrou na lista das melhores musicas de 2009, tendo o clip também ganhado prêmios.

Então, minha missão – e eu realmente chamo isso de “missão All Time Low” – é divulgar a banda por aqui, e fazer os caras verem que nós aqui (eu, olha eu! o/), nesse fim de mundo também precisamos deles. Quem sabe assim eles não resolvem fazer uma visitinha pra nós? *o*

É quase impossível eu sei, mas eu posso encarnar o Tom Cruise, não tem problema.

Então, todo mundo que conhece a banda colocando anúncios no orkut, MSN, twitter, blogs, fotologs, formspring, myspace, facebook, meu-vagalume, Habbo, etc, etc e tal, e quem não conhece, procure conhecer, vocês vão amar. (Y
A banda é ótima, vocês não vão se arrepender – dou minha palavra.

E se cada um colocasse pelo menos uma vez a tag “#BrazilWantsAllTimeLow” em um tweet eu já seria uma pessoa feliz e eternamente grata. :)

Divulguem, indiquem aos amigos, espalhem, e vamos mudar o ditado para “boa notícia chega logo”. ;)

Obrigada, desde já. :]


Links:

All Time Low no MySpace

Weightless no YouTube

Nossa campanha no Twitter

Nossa comunidade no Orkut


sábado, 9 de janeiro de 2010

Feliz Natal?

Bem, o Natal já passou, eu sei,
mas não tive tempo de postar desde
que escrevi esse texto.
Por isso, com duas semanas de atraso,
aí está o texto de Natal (:

.

Natal, ah, o tão esperado, sonhado, e desejado Natal.

Época de presentes, de bons pensamentos, de fazer pedidos e agradecer o que já foi recebido. É tempo de felicidade e de paz. Todos param, celebram, são felizes em suas casas lindas e arrumadas.

Isso tudo é ridículo. Enoja-me.

Isso o que costumamos chamar de “espírito natalino” é só um golpe de marketing, uma estratégia para as lojas arrancarem dinheiro das pessoas que não conseguem pensar sem aquela tela que recebe imagens capitadas por satélites, que normalmente fica na sala de estar, e que por maior que ela seja, nunca é grande o bastante.

Aquele velho chato de vermelho que tem a barba maior que a barriga não passa do letreiro de neon do Natal. Pisca – compre; pisca – compre. Afinal, se o Papai Noel resolve cochilar bem na noite do dia 24, alguém precisa arranjar presentes.

Até porque, esse é o espírito de Natal não é? Importar-se com o que vai dar, e não com o que vai receber. Será, então, por isso que agosto – exatamente nove meses depois do Natal – exista tantas pessoas fazendo aniversário? Afinal, o que importa é dar.

Talvez não seja nada disso, talvez seja dar o troco em alguém, dar um tiro, dar um chute, ou alguma coisa pior. Talvez eu esteja sendo gentil demais.

E todas aquelas pessoas que não tem o que comer na noite de Natal. Alguém se importa em dar alguma coisa realmente boa para elas? E se, por um milagre, alguém se importa, será que fará o mesmo no dia 26? Se o espírito natalino é algo tão bom, porque só nos lembramos dele um dia por ano?

Porque assim é mais conveniente, é claro.

Porque enquanto vemos o sorriso de nossa filha ao ganhar uma boneca que anda e fala mais de trezentas palavras em quatro idiomas, ou o de nosso marido ao ver que o perfume que ele ganhou é mais caro que a bolsa falsificada que ele te deu, pensamos que fizemos o certo, que nada pode estar errado. E é claro que nunca dá errado.

Porque enquanto cada um viver dentro de sua própria bolha de egoísmo e ignorância, o Natal não poderá ser considerado uma época de paz, harmonia e principalmente união.


União: s.f. Ato ou efeito de unir(-se). / Associação ou combinação de diferentes coisas, de modo a formar um todo: a união da alma e do corpo. / Ligação ou combinação de esforços e de pensamentos: a união faz a força.