sábado, 9 de janeiro de 2010

Feliz Natal?

Bem, o Natal já passou, eu sei,
mas não tive tempo de postar desde
que escrevi esse texto.
Por isso, com duas semanas de atraso,
aí está o texto de Natal (:

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Natal, ah, o tão esperado, sonhado, e desejado Natal.

Época de presentes, de bons pensamentos, de fazer pedidos e agradecer o que já foi recebido. É tempo de felicidade e de paz. Todos param, celebram, são felizes em suas casas lindas e arrumadas.

Isso tudo é ridículo. Enoja-me.

Isso o que costumamos chamar de “espírito natalino” é só um golpe de marketing, uma estratégia para as lojas arrancarem dinheiro das pessoas que não conseguem pensar sem aquela tela que recebe imagens capitadas por satélites, que normalmente fica na sala de estar, e que por maior que ela seja, nunca é grande o bastante.

Aquele velho chato de vermelho que tem a barba maior que a barriga não passa do letreiro de neon do Natal. Pisca – compre; pisca – compre. Afinal, se o Papai Noel resolve cochilar bem na noite do dia 24, alguém precisa arranjar presentes.

Até porque, esse é o espírito de Natal não é? Importar-se com o que vai dar, e não com o que vai receber. Será, então, por isso que agosto – exatamente nove meses depois do Natal – exista tantas pessoas fazendo aniversário? Afinal, o que importa é dar.

Talvez não seja nada disso, talvez seja dar o troco em alguém, dar um tiro, dar um chute, ou alguma coisa pior. Talvez eu esteja sendo gentil demais.

E todas aquelas pessoas que não tem o que comer na noite de Natal. Alguém se importa em dar alguma coisa realmente boa para elas? E se, por um milagre, alguém se importa, será que fará o mesmo no dia 26? Se o espírito natalino é algo tão bom, porque só nos lembramos dele um dia por ano?

Porque assim é mais conveniente, é claro.

Porque enquanto vemos o sorriso de nossa filha ao ganhar uma boneca que anda e fala mais de trezentas palavras em quatro idiomas, ou o de nosso marido ao ver que o perfume que ele ganhou é mais caro que a bolsa falsificada que ele te deu, pensamos que fizemos o certo, que nada pode estar errado. E é claro que nunca dá errado.

Porque enquanto cada um viver dentro de sua própria bolha de egoísmo e ignorância, o Natal não poderá ser considerado uma época de paz, harmonia e principalmente união.


União: s.f. Ato ou efeito de unir(-se). / Associação ou combinação de diferentes coisas, de modo a formar um todo: a união da alma e do corpo. / Ligação ou combinação de esforços e de pensamentos: a união faz a força.