quinta-feira, 16 de maio de 2013

The Division Bell


 Estou ouvindo Pink Floyd. Não sei o que escrever.
Sorrow – Pink Floyd (A Momentary Lapse of Reason)
Talvez seja uma boa forma de terminar o dia, ou de começar a noite.
Bem, a musica acabou. Vou ouvir o The Division Bell agora.
Cluster One – Pink Floyd (The Division Bell)
O que escrever? Vou esperar a musica me dizer, só um minuto.
Parece que eu estou em uma relva bem macia, sob o sol das oito da manhã. Vou começar a flutuar á qualquer momento. Tem alguma coisa me incomodando... Deve ser estar ciente do mundo lá fora; fora da musica – longe da relva e sob um teto duro de concreto, sob uma noite de lua nova. Mas espere, parece que isso não é tão ruim.
What Do You Want From Me – Pink Floyd (The Division Bell)
Adoro essa música, mas agora parece que eu voltei de uma vez para o mundo longe da relva e do sol das oito da manhã. Agora eu sou eu mesma, mas espere: O que você quer de mim?
Vou começar falando de Diana.
Diana é uma moça simples, de pouca idade e grande maturidade. Diana é velha. Meio seca também.
Diana não conheceu a relva macia e infelizmente nunca se deliciou com o sol das oito da manhã.  É uma pena. É uma pena porque Diana acabou de morrer num acidente de transito que não será noticiado. Um motorista, provavelmente bêbado, a atropelou e fugiu. O que há de especial nisso?
Do outro lado da cidade há um circo pequeno e que não despertou interesse algum – ninguém quis saber do palhaço.
­­- Mas mamãe, não tem elefantes? – silêncio – Nem leões?
O circo foi embora da cidade. É provável que não volte. Pobre senhor mágico, ninguém quer saber de coelhos que saem de cartolas.
Mais ao sul há uma banda de jazz que já fez sucesso um dia, mas agora o velho saxofone parece não encantar mais. No bar de mau cheiro e reputação, o publico é composto por meia dúzia de bêbados que não sabem como irão para casa.
- Toca Raul!
Pelo menos sabem que há alguém tocando.
Na faixada do bar há algumas flores e alguns restos mortais de flores. Os cadáveres estão mais bem cuidados que as flores vivas. Eram rosas, eu acho. A única água que recebem é a que sai dos joelhos dos bêbados.
Wearing The Inside Out – Pink Floyd (The Division Bell)
Essa música parece ter a capacidade de mudar a vida de alguém.  Será que a vida de alguém é suficientemente volúvel pra isso? Será que uma música é só isso?
Ouvi falar que uma moça se jogou da janela do quinto andar. Havia algumas pessoas lá embaixo.
O que acontece quando alguém morre? O que acontece com as pessoas que continuaram vivas? Vivas? Você tem certeza disso? Diana não se sentia viva.
Mas ela morreu.
Existe uma superestrela chamada Betelgeuse. Se seu centro fosse colocado no centro do Sol, ela passaria a orbita de Saturno.
Você não tem mais que dois metros de altura.
Mauricio acha Beatriz bonita, mas detesta sua risada. Estranho. Um não depende do outro? Ele gosta de beijar mulheres, mas tem pavor em beijar homens. Eu não consigo entendê-lo.
Por favor, continue falando. Gostei de sua voz.
Prostituas são mulheres que ganham dinheiro para fazer sexo com pessoas que elas não conhecem. Sexo é prazeroso e um ótimo relaxante. Também é á partir dele que nascem outras vidas.
Algumas prostituas morrem.
Todas as pessoas morrem, mas algumas prostituas morrem antes e, às vezes, de uma forma pior que Diana. Diana apenas quebrou três costelas, a clavícula e teve traumatismo craniano. Já, disse, nada de especial.
Lost For Words – Pink Floyd  (The Division Bell)
Se eu estivesse ouvindo outra música, ou talvez banda, eu estaria falando de coisas diferentes? Estaria falando sobre balões?
Bem, o filho do vizinho de uma senhora de idade adora balões coloridos. Mas ele sempre os estoura com garfos enferrujados. Todos os garfos de sua casa estão enferrujados. Ele deveria tomar cuidado.
Esperança.
O mundo é apenas uma bola azul com manchas amarelas e verdes – algumas são brancas – grande pra mim e pequeno para sua ambição. Ele também é pequeno para Betelgeuse. E é grande para as flores regadas com urina. Cômico, não?
O ultimo sino vai tocar, você está pronto?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Reestreia

Vida nova, cara nova, postagem nova REINAUGURAÇÃO!

Depois de um tempo bem turbulento agora eu estou de volta, e pretendo ficar.


É isso aí, vamos lá!

sábado, 19 de março de 2011

E 2011 chega...

Acho que é um pouco tarde para o primeiro post do ano. Mas como dizem por aí, antes tarde do que nunca. Bom, eu não concordo tanto com isso, porque bem, há varias situações onde antes nunca do que tarde, mas isso não vem ao caso exatamente. O assunto, no momento, é o meu primeiro post do ano. Então, tudo bem – vamos aos clichês.



Feliz 2011! *-*

Que esse ano seja repleto de harmonia, felicidade, amor e...



Tudo bem. A gente já está quase na Páscoa, não dá pra fingir que eu estou postando, tipo no dia três ou quatro de Janeiro u.u’ Portanto, vamos ao que eu realmente quero escrever.

Nada.

Quer dizer, não exatamente nada, mas é que, bom, não tenho nada para postar.

Na verdade, durante esses quase quatro meses de dois mil e onze eu tive duas mil e onze idéias, mas nenhuma delas saiu da minha cabeça congestionada.

Eu ia escrever um conto bem bonitinho, sobre aquelas pessoas que passam despercebidos por nós como o guarda do estacionamento, as pessoas que cortam a grama das vias publicas e o motorista do ônibus e ele teria por mensagem um “preste atenção nas pessoas a sua volta e viva la vida loca com elas, aliás, sorria – você fica mais bonitinho assim :D”.

Também tinha um sobre morte. Era até interessante.

O único que eu comecei se chamava “Um ano novo muito louco” e é uma história real. Uma história real vivida por mim. Há, na praia. Foi muito louco. O dia é louco. #piadainterna

Mas bem, no fim das contas eu não escrevi nada. É, I’ve become so numb and I can’t feel you there. Só escrevi isso porque estava tocando aqui, mas não faz sentido algum.

Bem, na minha frente eu vejo um saquinho vazio de picolé de chocolate da marca mais barata que existe num raio de setecentos quilômetros, um celular estragado e velho que a gente sempre faz umas gambiarras para que funcione, um cubo mágico bagunçado e a tela do computador que tem a incrível e excitante missão de fazer minha cabeça doer. Mas me aguarde querida, meu óculo AZUL chega na próxima terça-feira. Há, já estou até com minha mãozinha direita levantada, pronta para te dar o tchauzinho da vitória, sua besta.

Do meu lado esquerdo há o guarda-roupas tabaco com branco da minha irmã. Hum, sem graça.
Do meu lado direito tem a porta sanfonada branca do quarto da minha irmã. Tudo bem, o guarda-roupas não é tão sem graça.

Atrás de mim, está, AHÁ!, a minha irmã. O que é realmente uma surpresa considerando que são 00:04 da manhã e eu estou no quarto dela batendo nas teclinhas que eu não enxergo do teclado do meu computador. Aí sim fomos surpreendidos novamente!

Ela está deitada na cama, lendo o livro Inverno na Manhã de Janina Bauman que fala sobre sei lá o que da Polônia e a Segunda Guerra Mundial.

Eu, ah, eu estou vagabundiando, escrevendo umas coisas vazias e sem sentido para postar no meu blog abandonado e decadente. Ah, a quanto tempo não leio um livro realmente bom? Estou me perdendo de mim. O que não é assim tão ruim, porque eu nunca me encontrei de verdade, então...

Será que hoje vai passar Sobrenatural no SBT? Sei lá.

Ah, tem o Japão. Eu poderia pedir um minuto de silêncio, mas acho que isso não vai fazer muito sentido.

A verdade é que a situação está critica por lá, e eu, assim como muitas outras pessoas - acredito - me sinto impotente, assistindo as tragédias pela televisão. É dificil.

Bom, quer saber, acho que não faz sentido ficar aqui, falando nada e gastando dedo. Fala serio, voltem para seus afazeres. Prometo recompensar esse minuto perdido, falem com meu advogado.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Nunca é tarde

O texto á seguir foi feito para a Olimpíada de redação da Biblioteca Municipal de Jundiaí, onde eu moro, deer. KJAHSKDJAH' O tema central, para todas as categorias, era solidariedade e a proposta da categoria jovem era escrever na primeira pessoa sobre um idoso, morador de uma casa de repouso em uma véspera de Natal. O tema da categoria era solidão.

Tentei da melhor forma possível conciliar todos os temas sem sair do foco, espero que gostem :D


A luz matinal entrou maliciosa pela janela aberta, mas eu já estava acordado desde que a lua começara a se retirar. A única janela do quarto ficava em frente à cama e funcionava como um espelho da alma, no meu caso escura, vazia e até sombria.

Com um esforço maior que o que fiz no dia anterior, levantei e calcei meus chinelos velhos. O relógio, que era o mesmo que minha mãe me dera de presente de casamento, há quarenta e sete anos atrás, dizia ser quase seis da manhã. Meus passos lentos e cansados me levaram ao altar ao lado do guarda-roupa e em seguida para o banheiro onde o espelho me mostrou um homem cansado demais para os seus sessenta e cinco anos. Pessoas lá fora começavam sua vida com essa idade, porque eu não poderia?

– Seu José, já está acordado? – A voz feminina e suave que todos os dias vinha desejar-me bom dia, chamou á porta. – Está, não está? O senhor sempre acorda cedíssimo.

Senti meu rosto se moldar em um sorriso, Marina a doce enfermeira era minha melhor amiga ali – ela me lembrava minha filha.

Comecei a ir em direção a porta, apoiando-me nas paredes quando ouvi sua voz novamente.

– É véspera de Natal, seu José, é véspera de Natal! – a euforia em sua voz era quase palpável, no mínimo era possível expirá-la.

Mas eu parei no caminho para a porta. Natais não me traziam boas lembranças. Voltei para a cama desfeita fingindo não tê-la ouvido, e enquanto aos poucos ela desistia da possibilidade de eu estar acordado, um filme chamado passado era exibido em minha mente.

Há exatos cinco anos eu perdi toda a minha família.

Meus olhos automaticamente se fecharam para evitar a primeira lágrima. Veja só, um homem de sessenta e cinco anos chorando. Ridículo. No entanto, certas memórias são fortes demais para não obrigar, não empurrar a primeira lágrima. E invariavelmente depois da primeira há a segunda, e a terceira, e a quarta, até as infindáveis lágrimas.

Era véspera de Natal do ano de dois mil e cinco e eu estava trabalhando, cuidando da pequena empresa da família. Todos se encontravam em Recife e eu também deveria estar lá. Era véspera de Natal, eu também deveria estar lá. Eu ia, pretendia ir, mas o trabalho me prendeu em São Paulo, então num ato de extremo egoísmo pedi para que eles voltassem. O Natal planejado durante cinco meses arruinado pelo meu egoísmo. Eles voltaram, eles me amavam e fariam tudo por mim. Eles iam voltar, tentaram voltar.

As lágrimas já desciam como se jorrassem e eu nem tentava controlá-las. A culpa e a solidão invadiam.

Uma turbulência no céu da Bahia derrubara o pequeno jato que havíamos acabado de comprar, matando minha esposa Marie, minha mãe Francisca e meus dois filhos Camila e João.

Rolei para o lado e tentei dormir. Natais não me traziam boas recordações.

Mais tarde o sol dizia que passava do meio dia e meu estomago confirmava. Lá fora eu ouvi as vozes dos outros moradores da casa de repouso e percebi que apesar de tudo não deveria agir como um anti-social. Levantei-me novamente e fui para o pátio. Marina estava lá.

– Porque o senhor fingiu que estava dormindo, seu José? – ela perguntou quando veio sorrindo para mim com o mesmo sorriso que Camila tinha. – O que aconteceu? – e então seu semblante mudou para uma tristeza contida.

– Sinto muito. Não tenho boas lembranças do Natal. – Tentei falar através da voz que começava a ficar embargada.

– Eu sei. Quero dizer, sei que alguma coisa o aflige e muito – Ela pegou uma de minhas mãos e sorriu docemente. O doce sorriso de Camila. Ah! Natais. – Não se preocupe seu José, eu estou aqui para ajudá-lo.

– Obrigado Marina. – e decidi sair andando antes que eu realmente me desmanchasse.

Andei sozinho pela casa de repouso por algum tempo e resolvi voltar para meu quarto.

Lá, sozinho, eu senti a solidão tomando conta, mas definitivamente não me importei; já era a quinta vez em cinco anos, então essa sensação não era assim tão estranha.

Liguei o antigo radio-relógio e sintonizei em uma emissora AM qualquer, tentando não pensar em nada, mas não consegui. Algumas imagens aleatórias me vinham à mente, mas eu já conseguia controlar a avalanche de culpa. E quando o sol já queria se esconder, eu ouvi um choro contido e ao mesmo tempo desesperado.

Fui até a janela com passos lentos e moles e vi Marina ao celular vertendo lágrimas que faziam doer até mesmo quem não sabia o motivo do desespero. Assisti-a tentar falar através do choro por alguns minutos, sentindo-me angustiado por vê-la daquela forma. Quando desligou o telefone, levou as mãos ao rosto e deixou que o aparelho caísse no chão com um baque oco e alto. Lembrei-me de Camila, minha filha mais nova, e não pude agüentar.
– Marina? – chamei com medo.

– Seu José, achei que o senhor estava dormindo – ela sussurrou enquanto tentava se recompor. Tentava e não conseguia. Suas mãos secavam freneticamente seus olhos em vão, já que a cada segundo uma nova correnteza de lágrimas lavava sua face.

– O que aconteceu Marina? – disse enquanto me dirigia para a porta. Do lado de fora eu a abracei.

– Meu namorado estava vindo de moto para passar o Natal comigo, depois de eu tanto insistir para que ele viesse de sua cidade até aqui – ela disse isso em um só fôlego, e continuou – mas ele sofreu um acidente gravíssimo e está no hospital.

Senti uma lança transpassar meu coração. Eu sabia o que ela sentia. Abracei-a sem tentar conter nenhuma lágrima – eu precisava ajudar a enfermeira que tanto lembrava minha filha. Eu tinha a chance de tentar fazer algo para que meus Natais não fossem tão sombrios.

Passamos a noite de Natal juntos enquanto eu a acalmava, e me senti completo quando pela manhã ela recebeu o telefonema que dera a noticia de que seu namorado estava bem.

Era a chance que o destino me dera para concertar as coisas. E eu a agarrei.

domingo, 31 de outubro de 2010

Eleições & Halloween


Fazer a eleição no Halloween é realmente bem digno. Considerando as opções de uma bruxa vesga e uma caveira cuja careca brilha mais que uma estrela cadente, a escolha do dia foi realmente uma bola dentro.

Hoje, quando entrei na minha seção exatamente às 16:56, pensei muito em digitar 99, 66, ou quem sabe 77 pra presidente. Gosto do numero sete, provavelmente votar 77 pra presidente seria uma boa escolha.

Durante a campanha eleitoral eu me senti uma lesada, com todos os meus direitos e com todo o respeito que o eleitor merece jogados no lixo. Porque sinceramente, guerra partidária na televisão é um saco.

– Ah, porque eu e o meu partido nunca faria o que a oposição fez.

– Ah, porque a oposição tenta se esconder atrás de fatos irreais, e não mostra sua verdadeira intenção.

E os debates? A careca do Serra brilhava tanto que tirava a minha atenção. E o estrabismo - porque vamos combinar, aquilo só pode ser estrabismo - da Dilma me fazia soltar um belo de um WTF!

Agora pouco, quando meu interfone tocou e uma crianças gritaram lá fora "gostosuras ou travessuras?" eu fiquei muito, muito, muitíssimo tentada á dizer:

­– Se você achar que uma gorda vesga e um palito careca é uma gostosura, pode levar.

Fora que além de tudo somos obrigados a acompanhar, dia após dia, a luta de um palhaço analfabeto pra manter seu cargo na câmara dos deputados. Eu deveria rir ou chorar? Talvez eu deva reza para Santa Florentina.

A politica brasileira precisa mudar, e precisa mudar rapidamente.

E agora que a gorda deve estar pulando e fazendo alguns buracos no chão, junto com seus companheiros, comemorando sua eleição e o pau-de-virar-tripa deve estar arrancando os cabelos de sua perna – porque os da cabeça já eram – eu me pergunto: O que será do nosso Brasil?